Sindicato denuncia má
gestão na autarquia
Por Laércio Diniz
Foto: Laércio Diniz |
No fim da manhã da última
quinta-feira (19) foi realizada uma audiencia pública proposta pelo vereador
Ivan Duarte para tratar da gestão do Sanep. A audiência contou com a presença
da vice-presidente do Sindicato, Rosemeri Santos, do diretor presidente
Alexandre Garcia, bem como de diversos vereadores e Funcionários do Sanep.
Rosemeri lembrou que a autarquia
possui corpo técnico capacitado para atender estas demandas e, se há atraso em
qualquer serviço, é resultado da má administração realizada pelos indicados
para cargos de chefia. A vice presidente afirmou que as indicações não são
feitas baseadas na capacidade técnica dos indicados, mas sim por interesses
políticos. O vereador Waldomiro Lima(PRB), conforme relatou a sindicalista, é
responsável por inúmeras indicações que vem prejudicando o andamento dos
trabalhos na Autarquia: “No Sanep quando um serviço começa a funcionar,
troca-se a chefia”, ressaltou Rosemeri.
Além disso, foi lembrado pela
vice-presidente do sindicato que terceirização nem sempre significa eficiência
no serviço. Segundo ela, nas últimas semanas a cidade passou por problemas de
falta de água em diversas localidades, todas causadas por funcionarios de
empresas terceirizadas: no último dia 10
o centro da cidade sofreu interrompimento no abastecimento por conta do
rompimento de uma adutora causado pelo operador de máquina da empresa Monteiro
e Rocha, em um local na Avenida Francisco Caruccio onde o Sanep realizava a
limpeza de um canal. Já no dia 5 e no
dia 6, o laranjal que ficou sem água devido a uma obra de entrocamento de uma
sub-adutora, também realizado por uma empresa terceirizada. Segundo Rosemeri,
nem a prefeitura e nem a direção do Sanep relataram que os problemas foram
causados por estas empresas, levando a população a culpar os funcionarios do
Sanep pela interrupção do serviço.
Rosemeri também lembrou que,
apesar da Prefeitura insistir que precisa investir em Parcerias Público
Privadas para realizar os serviços necessários na cidade, os funcionarios do
Sanep já apresentaram alternativas que utilizariam mão de obra pública para
realizar o serviço por um valor inferior ao do serviço proposto pelos
representantes do Setor Privado. O projeto de universalização do esgoto
proposto pelos trabalhadores do Sanep, por exemplo, prevê uma economia de mais
de 100 milhões de reais aos cofres públicos, se comparado com o gasto estimado
em uma eventual PPP. Segundo Rosemeri,
projetos como esse foram ignorados pela administração municipal, demonstrando mais
uma vez que a escolha do serviço privado não é uma decisão pragmática, e sim
resultado de um plano de governo que visa entregar o que é público nas mãos de
empresários.
Questionamentos:
Os vereador Marcus Cunha (PDT)
solicitou que a Direção do Sanep apresentasse para a câmara o projeto de
universalização de esgoto. Segundo o parlamentar, um projeto de tamanha
magnitude e custo precisa ser analisado pelo poder legislativo. Fernanda Miranda (PSOL) pediu esclarecimentos
acerca de aluguéis de máquinas que chegavam ao custo de cerca de 500 mil reais.
e perguntou se não seria melhor para o municipio se esse maquinário fosse
adquirido.
Contraponto do Governo:
Após a fala do sindicato, o
diretor presidente do Sanep, Alexandre Garcia, realizou sua defesa. Para
alexandre garcia, as críticas são “extremamente injustas” com ele com a atual
administração da Autarquia. Ao falar sobre Terceirização, PPP e Privatização, o
diretor afirmou que as três modalidades “não são a mesma coisa”, mas não foi
além disso na explicação, afirmando que as preocupações do sindicato em relação
a privatização do serviço são puramente ideologicas. Alexandre tentou
desqualificar a fala do sindicato, dando a entender que a preocupação dos
servidores não era digna sequer de resposta por parte dele: “Não adianta
explicar para aquele que não quer entender”, afirmou.
Além disso o Diretor tentou
justificar a contratação de empresas terceirizadas para realização de serviços
do Sanep, afirmando que apenas a realização desses serviços seria passada para
a iniciativa privada, mas que a gestão desses serviços ainda seria realizada
pelo Sanep. Além disso, ao falar sobre as ligações de água (que a direção do
sanep tentou terceirizar), o Diretor afirmou que elas são urgentes para
aumentar a arrecadação da autarquia e diminuir os vazamentos e via pública.
Alguns Vereadores da Situação
também usaram a palavra: O vereador Fabrício tavares (PSD) disse que indicações
políticas são “comuns” e que todos os governos fazem isso.
Roger Ney (PP) disse que a Prefeita,
pela expressiva votação na última eleição, tem legitimidade para implementar o
que achar melhor. Roger encerrou sua fala dizendo que, para os descontentes com
o programa do governo, resta apenas “aceitar”.
Waldomiro Lima (PRB) afirmou que,
como é presidente de um partido que faz parte de um grupo que vem ganhando as
últimas eleições, pode fazer as indicações que achar necessárias na
administração pública.
Considerações:
Foto: Laércio Diniz |
Segundo a Vice-Presidente do
Simsapel, Rosemeri Santos, a audiência foi um importante momento para se
iniciar o debate acerca dos problemas enfrentados pela autarquia. Rosemeri também respondeu às tentativas de
desqualificar a fala do sindicato, por parte do Diretor do Sanep e de alguns
vereadores da Base, tachando o posicionamento de ideológico: “Nossa fala é sim
ideológica, e preza pelo funcionalismo público, representamos os trabalhadores
do Sanep para as conquistas coletivas e não para aqueles que não se comprometem
com medo de desagradar seus padrinhos e perder seus cargos”. Sobre as escolhas da administração pública,
Rosemeri explica que estas também são fruto de um pensamento ideológico: “são
práticas que visam privatizar o serviço público em favor de uma ideologia
de mercado”
Já para o proponente da
audiencia, vereador Ivan Duarte (PT), a audiência foi um importante espaço para
que a população saiba que existem dois projetos para o esgoto em Pelotas: um
que preza pelo trabalho realizado pelo servidor público, defendido pelo
Sindicato, e outro que visa entregar o serviço na mão da iniciativa privada,
que é o que norteia o pensamento da atual administração do município.
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