domingo, 8 de junho de 2014

Vinte e um dias de greve e o jogo de mídia da Prefeitura

Hoje, dia 08 de junho, a greve dos trabalhadores do SANEP está no seu 21º dia e continuamos sem avanços nas negociações, por intransigência da Direção da Autarquia e da Prefeitura.

Esse é o jogo mais do que conhecido, em que administradores se comportam como se fossem os donos das estruturas construídas pelos trabalhadores e sustentados com o dinheiro da população e promovem verdadeiras “quedas de braço” nas negociações salariais, sem considerar as reais necessidades dos servidores públicos e de suas famílias.

A Direção da Autarquia e, agora, declaradamente, o Prefeito, afirmam que não negociam com os servidores em greve. Nós  afirmamos que tentamos conversar várias vezes antes de entrarmos em greve e os administradores não negociaram com os servidores trabalhando, a não ser para nos oferecer o que não chega ao menos perto das nossas necessidades.

Nós, trabalhadores, estamos cansados de pagar o preço do sucateamento a que o SANEP vem sendo submetido. Pagamos quando perdemos o poder aquisitivo dos nossos salários ano a ano, pagamos quando não temos equipamentos e ferramentas adequadas à prestação de um serviço rápido, eficiente e que não reflita em problemas de saúde a muitos de nós.

Desde o início da Campanha Salarial a postura dos administradores do SANEP tem sido de tentar jogar a população contra os trabalhadores, colocando os investimentos em melhorias dos serviços em oposição ao aumento salarial, tratando como se eles, os administradores, não tivessem responsabilidade nenhuma sobre a gestão da Autarquia.

A campanha para a privatização se coloca clara quando há declarações na imprensa alternativa, atribuídas a “diretores” do SANEP que teriam afirmado que a Autarquia estaria conseguindo prestar um bom serviço sem os 530 grevistas, atendendo às áreas de águas, escoamento e drenagem e que só estaria deficitária na área dos serviços de esgoto.

Essas declarações são falsas e fazem parte do jogo a que se presta uma parte da imprensa que se comporta como uma sucursal da Secretaria de Comunicação, sabe-se lá por quais interesses, e que não procura a versão do lado dos trabalhadores. A verdade é que os serviços estão acumulados, pois, conforme informações de alguns trabalhadores que não aderiram à greve, somente estão sendo executados serviços de emergência e, mesmo assim, há mais de 250 ocorrências pendentes de vazamentos, que é apenas um dos quase trinta tipos de serviços de emergência. Os serviços eletivos, como ligações de água e ligações de esgoto estão aguardando o fim da greve.

Ainda são atribuídas aos tais “diretores” – que se saiba, o SANEP tem apenas um – comparações com a SAMAE, autarquia de água e esgoto de Caxias do Sul, afirmando que a mesma conta com apenas 400 servidores e daria lucro de 30 milhões, enquanto o SANEP, contando com o dobro, daria prejuízo.

Conforme o site da própria SAMAE, é uma instituição que trata e fornece água e recolhe e trata esgoto e nada mais. Além disso, conta com 700 colaboradores entre servidores, estagiários e funcionários de empresas terceirizadas. O número de trabalhadores do SANEP que atendem aos serviços que não são de drenagem e coleta e destinação do lixo – serviços não prestados pela SAMAE – é de pouco mais de 700.

A questão do lucro da SAMAE e do prejuízo do SANEP é de gestão. Há gastos vultosos em aluguéis de equipamentos, veículo e prédios. Também há a necessidade de trabalho em horas extras em virtude da falta de máquinas e ferramentas adequadas, que leva à necessidade de um número maior de trabalhadores e de horas para efetuar o mesmo serviço, sem falar no retrabalho frequente pela falta de materiais adequados.


Essas comparações do SANEP com a SAMAE só demonstram, cada vez mais, a intenção de entregar a nossa Autarquia à iniciativa privada, seja como privatização, concessão, parceria público-privada ou mais terceirizações. Para enriquecer essas comparações, trazemos a fotografia de uma conta da SAMAE que totaliza R$122,88 para 19m³ de consumo de água e serviços de esgoto. Terceirização custa bem caro ao consumidor.

Clique na foto para ver melhor
Sem nenhum pudor, se utilizam da nossa greve para fazer “propaganda” da privatização. O “jogo duro” faz parte dessa cena estrelada pelos gestores municipais, que parece estarem “brincando” com a nossa Categoria para ver até onde podemos ir. Isso vem acontecendo desde as sucessivas remarcações de reuniões que antecederam a greve.

As ameaças já começaram, numa tentativa de nos fazer desistir. Os chefes “amigos” avisam dos riscos, esquecendo que eles, servindo de “garotinhos de recado” da Direção serão os que responderão pelos crimes de assédio moral cometidos. O Prefeito e a Direção do SANEP ameaçam cortar o ponto. E nós afirmamos que os dias parados passaram a ser o primeiro ponto de pauta de negociação.

As ações desses gestores e de seus “asseclas” só demonstram o desespero diante da situação colocada, ou seja, eles nunca viram um movimento tão coeso e tão determinado. Essas ações só afirmam que nossa greve está no caminho certo e que eles estão perdidos.

Todos nós temos consciência de que só obteremos avanços se nos mantivermos fortes. Não será fácil, mas temos uns aos outros e um Sindicato que está com a Categoria para o que for necessário.

Sigamos na luta, porque essa luta é justa e só com ela conseguiremos avançar, porque a Categoria unida é que vai pesar na hora dessa negociação.

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