segunda-feira, 7 de julho de 2014

Cinquenta dias de greve

A greve dos trabalhadores do SANEP completa, hoje, dia do Aniversário de Pelotas, 50 dias. Desde o dia 27 de março, a Categoria tenta negociar com a Direção da Autarquia, sem avanços.

Numa atitude intransigente e antidemocrática, o Prefeito Eduardo Leite não pagou o Vale Alimentação e cortou o ponto de centenas de servidores, colocando suas famílias em situação de risco alimentar. Ao cortar os salários desses servidores, deixou de fazer a retenção das pensões alimentícias de várias crianças e adolescentes, causando transtornos para além das vidas pessoais desses trabalhadores. As cartas de autorização de credito consignado também estão sendo negadas, deixando os servidores sem alternativa.

Todas essas atitudes demonstram a clara intenção de cercear o direito de greve. O intuito da Prefeitura é que os servidores retornem imediatamente ao trabalho, sem a garantia dos dias parados, como já foi escrito em ofício ao Sindicato. Sabem que estes servidores, que recebem salários tão baixos, não possuem nenhuma reserva financeira para que possam se sustentar.

Desde maio, a prefeitura se nega a negociar com os trabalhadores em greve. E o que mais chama a atenção é que, enquanto estavam trabalhando, também não houve avanços na negociação. A greve só começou dez dias depois de sua deflagração em assembleia. Havia tempo suficiente para reverter a situação, se a administração da Autarquia tivesse respeitado os trabalhadores, cumprindo com a agenda marcada e oferecido um índice melhor para a Categoria. A administração oferece um índice abaixo do que foi oferecido no ano de 2013, ocasião em que o Prefeito foi à nossa Assembleia, prometendo valorização para o este ano.

De acordo com os relatórios encaminhados pelo SANEP ao Tribunal de Contas do Estado, a Autarquia tem margem, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, para oferecer um índice melhor. Além disso, a Categoria autorizou o Sindicato a flexibilizar as negociações, inclusive abrindo mão das horas extras, para que se avance nas negociações e se possa voltar ao trabalho, para atender a população.

E o Prefeito Eduardo Leite continua em sua posição autoritária de não negociar com os trabalhadores em greve. Não negocia, porque não negocia! Como se não existisse uma cidade necessitando dos serviços de saneamento.

Enquanto os moradores dos núcleos habitacionais populares sofrem com os esgotos entupidos, que inundam suas casas e apartamentos, os caminhões, equipamentos e os instaladores que estão trabalhando para manter o efetivo, estão à disposição no pátio do SANEP. Os serviços não são executados porque a Prefeitura está mais interessada em voltar a opinião pública contra o movimento de greve, do que em resolver problemas sérios a que a população está submetida.

Enquanto esse impasse não se resolve, pessoas da Comunidade, o Movimento Sindical e os Movimentos Sociais estão contribuindo e doando cestas básicas para serem distribuídas entre os trabalhadores que ficaram sem meios de alimentar suas famílias.

As doações podem ser feitas nos piquetes localizados à Rua Alm. Tamandaré, esquina com José do Patrocínio, no canteiro da Av. Duque de Caxias, em frente ao nº 71 e no Largo do Mercado Central.

Os trabalhadores devem procurar os mesmos locais para se cadastrarem ao recebimento das cestas.

A solidariedade tem sido maior do que a intransigência.


Por Cátia Amaral e Rosemeri Santos

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