A greve dos trabalhadores do SANEP completa, hoje, dia do
Aniversário de Pelotas, 50 dias. Desde o dia 27 de março, a Categoria tenta
negociar com a Direção da Autarquia, sem avanços.
Numa atitude intransigente e
antidemocrática, o Prefeito Eduardo Leite não pagou o Vale Alimentação e cortou
o ponto de centenas de servidores, colocando suas famílias em situação de risco
alimentar. Ao cortar os salários desses servidores, deixou de fazer a retenção
das pensões alimentícias de várias crianças e adolescentes, causando transtornos
para além das vidas pessoais desses trabalhadores. As cartas de autorização de
credito consignado também estão sendo negadas, deixando os servidores sem
alternativa.
Todas essas atitudes demonstram
a clara intenção de cercear o direito de greve. O intuito da Prefeitura é que
os servidores retornem imediatamente ao trabalho, sem a garantia dos dias
parados, como já foi escrito em ofício ao Sindicato. Sabem que estes
servidores, que recebem salários tão baixos, não possuem nenhuma reserva
financeira para que possam se sustentar.
Desde maio, a prefeitura se
nega a negociar com os trabalhadores em greve. E o que mais chama a atenção é
que, enquanto estavam trabalhando, também não houve avanços na negociação. A
greve só começou dez dias depois de sua deflagração em assembleia. Havia tempo
suficiente para reverter a situação, se a administração da Autarquia tivesse respeitado os trabalhadores, cumprindo com a agenda marcada e oferecido um
índice melhor para a Categoria. A administração oferece um índice abaixo do que
foi oferecido no ano de 2013, ocasião em que o Prefeito foi à nossa Assembleia,
prometendo valorização para o este ano.
De acordo com os relatórios
encaminhados pelo SANEP ao Tribunal de Contas do Estado, a Autarquia tem
margem, dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, para oferecer um
índice melhor. Além disso, a Categoria autorizou o Sindicato a flexibilizar as
negociações, inclusive abrindo mão das horas extras, para que se avance
nas negociações e se possa voltar ao trabalho, para atender a população.
E o Prefeito Eduardo Leite
continua em sua posição autoritária de não negociar com os trabalhadores em
greve. Não negocia, porque não negocia! Como se não existisse uma cidade
necessitando dos serviços de saneamento.
Enquanto os moradores dos
núcleos habitacionais populares sofrem com os esgotos entupidos, que inundam
suas casas e apartamentos, os caminhões, equipamentos e os instaladores que estão trabalhando
para manter o efetivo, estão à disposição no pátio do SANEP. Os serviços não
são executados porque a Prefeitura está mais interessada em voltar a opinião
pública contra o movimento de greve, do que em resolver problemas sérios a que
a população está submetida.
Enquanto esse impasse não se
resolve, pessoas da Comunidade, o Movimento Sindical e os Movimentos Sociais
estão contribuindo e doando cestas básicas para serem distribuídas entre os
trabalhadores que ficaram sem meios de alimentar suas famílias.
As doações podem ser feitas nos
piquetes localizados à Rua Alm. Tamandaré, esquina com José do Patrocínio, no
canteiro da Av. Duque de Caxias, em frente ao nº 71 e no Largo do Mercado
Central.
Os trabalhadores devem procurar
os mesmos locais para se cadastrarem ao recebimento das cestas.
A solidariedade tem sido maior
do que a intransigência.
Por Cátia Amaral e Rosemeri Santos
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